
Este é o resultado de um "dueto poético" entre a minha pessoa e o grande poeta e amigo Victor José, por quem tenho a maior admiração, quer pela sua obra como pela pessoa que é.
Improvisado, este poema surgiu de uma situação sem qualquer combinação. Perante a organização de um Filó-Café, resolvi inspirar-me no tema do mesmo "A Revolta das Palavras" que por fim acabou nas mãos do meu amigo que o complementou de uma forma extraordinária e que deu este produto final, quanto a mim magnífico, numa improvisação, que não é mais que o "brincar com as letras". A cumplicidade, amizade e o sentimento cruzaram-se num poema que retrata o horizonte dos poetas.
Obrigada Victor... e deixo-vos com o testemunho...
Maresia revoltada em volta de ondas sem dó nem piedade,
com paisagens mudas e revestidas de palavras inodoras
Forçada a revolta das letras misturadas no sal da brisa
libertando sentimentos crus, sensuais, atenuantes da minha dor
Impregnada de ódio que tu… e tu… e mais tu,
deixaste nos meus lábios com um beijo disfarçado de sofrimento
E que nos fazem lembrar a cada dia que passa,
quando passa, quando não grita e não disfarça
E não é nada, nada mesmo nada, a não ser a revolta das palavras
essas sombras adormecidas presas em redor de uma luz
Que nos amedrontam a alma perdida pela certeza de que a sociedade foge
consente, inventa e ruma por aí sem destino à procura de um sentido
Corre, pára e não diz nada…
rodopia, salta, levanta e não diz nada… quer dizer tudo de uma vez
Junta-te a nós e reclama da palavra mal dita ali ao lado,
ou então resume a tua mensagem a um gesto, ao teu horizonte limitado
Da frase escondida debaixo da resma de folhas amarrotas,
deixa-a criar raízes, deixa-a vingar em terra fértil
Do pensamento que não sai do teu cérebro porque não o quiseste escrever,
descansa sobre ele, deixa-o amadurecer e ganhar razão
Da letra mais pequena que nunca sabes escolher…mas reclama.
Não tenhas medo da palavra que podes construir, uma a uma
Não fiques parada em frente ao espelho partido
mas não corras, não queiras esquecer o teu passado, a tua dor
Que te enche a cara de rugas falsas, quebradas e maliciosas…
afinal o que é a consequência lógica dos nossos velhos pensamentos
Vira-te para mim, enfrenta o negrume do ódio que acarretas
por uma vez na vida junta-te a mim, sonha comigo, vive por mim
E acredita na eternidade….esse mundo que todos dizem não existir…
acredita que o fim já passou e que a vida começa, já
© Rosa Familiar / Victor José ©